A sereia cantou e encantou-o
levou-o ao fundo do mar
mostrou-lhe os corais
as ostras de pérolas raras
(e)
ao emergirem beijou-o
Junto das rochas
os golfinhos cantavam de felicidade
saindo da água
estenderam-se na areia branca da praia
enquanto a sereia alegre e docemente
lhe cantava um cântico de embalar
afagava os cabelos
(e)
lhe beijava docemente os lábios
deixando na sua pele
o aroma do mar
o náufrago adormeceu
(e)
sonhou como há muito tempo não sonhava
sonho de
Luas perdidas, esquecidas
encantadas, sentidas
sereias transformadas
embaladas pelas ondas do mar
transformou a sua sereia em princesa
beijou-lhe os pés
enquanto lhe calçava uns sapatos de lua
beijou-lhe os seios
ao mesmo tempo que a vestia de céu
(e)
dançaram e riram sem tempo
ao despertar
o náufrago sentiu ser
possível escapar
do canto da sua sereia
mas do seu silêncio
por certo jamais
(e)
todas as noites
lê poemas de mar
para a sentir no seu céu da boca
Ester Cid.
Madrugada de 15/03/2014