terça-feira, 29 de abril de 2014

NÃO FINJAS.

Não finjas amar uma mulher que gosta de ler e ama escrever
não finjas amá-la se não consegues estar a seu lado
abraça-la nas madrugadas de silêncio e palavras

não finjas amar uma mulher que gosta de ler e ama escrever

vais sempre encontrá-la
numa loja de livros em segunda mão
não consegue entrar lá
sem acariciar os livros
e cheirar as suas páginas amarelecidas

vais sempre encontrá-la à beira do rio
no aroma das flores do campo
no riso das crianças
no sabor de um morango
num museu
na pintura do tal quadro
nas tuas viagens
na tua musica preferida
no "hino Avante"
descendo a avenida da/em liberdade
no vento que passa
nas estrelas que brilham
nas ruas da cidade
no chilrear dos passarinhos
no voo das andorinhas
na lua feiticeira
na chuva miudinha
na tempestade
no arco-íris
no anoitecer
nas madrugadas
nos teus lábios
na tua boca
nas tuas mãos
no teu olhar
quando te olhas
no teu corpo
no teu sentir

Não finjas amar uma mulher que gosta de ler e ama escrever
porque corres o risco de ela se tornar o teu livro favorito.

Ester Cid.
Fotografia: Mário Vasa
                                                                         

                                                                

sexta-feira, 25 de abril de 2014

CHEGASTE ABRIL




Chegaste nos braços de corações generosos

no olhar de liberdade de quem preso estava


Chegaste em lábios e bandeiras rubras

chegaste numa mão aberta de ternura

num punho cerrado firme

(e)

escondido no teu bolso em tempos de ditadura

chegaste nas vozes de poetas e cantores

nas flores no mar no riso das crianças

no jovem e no idoso que não deixou morrer a esperança

chegaste nos livros fechados que abriste

em hinos que sufocavam gargantas e prendiam vozes

chegaste por acres de trigais

no canto das rolas, cotovias e daninhos pardais

chegaste no aroma do rosmaninho da giesta da alfazema e do jasmim

chegaste com os camaradas

soldados, mineiros, abegões, ceifeiras e carpinteiros

chegaste às cidades aldeias e vilas morena em cravos vermelhos mil

chegaste depois do adeus

em olhares regresso

chegaste Abril, meu amor

Abril

Abril

Abril

Existe agora

mais de vinte cinco mil razões para contigo fazer amor

(e)

nunca mais te deixar partir.


Ester Cid.

Abril 2014
Fotografia: Google

                                                              

RIO HUMANO

De repente a alegria

ruas praças
transformam-se num rio humano
todos correndo na mesma direcção
como uma doce magia
como se todos tivéssemos um só coração

Tantas mãos, de onde surgem tantas mãos?
mãos que a pouco e pouco
se vão transformando em punhos erguidos
aqui agora tudo faz sentido

a alegria surge de novo
bandeiras e cravos vermelhos
palavras guardadas
no coração do povo
fazem o silêncio estremecer

amigo camarada liberdade Paz Abril Povo

Ester Cid

Fotografia:José Frade
                                                                        


domingo, 20 de abril de 2014

Cravos vermelhos de Abril



São laços que libertam
amarras que se desprendem
grades que se abrem
barcos que chegam
vozes caladas que gritam
punhos cerrados que se erguem
lábios unidos num beijo

São mãos dadas de vontade
Primaveras que florescem
ruas desertas que se enchem
terra fecunda que dá flor
searas que dançam ao vento
risos de crianças mil
corpos que fazem amor
abraços ternos de Abril

São poemas de Ary
Com desenhos de Cunhal
que nasceram na prisão
sempre à espera doutro alguém
canções do Zeca
trás outro amigo também
livros que estavam escondidos
lidos agora na rua
bandeiras rubras guardadas
dançando na nova lua

São o hino de Caxias
olhar doce de ternura
camaradas que partiram
em tempo de ditadura
esperanças e alegrias
sol brilhante da manhã
soldados marinheiros
mineiros camponeses
estivadores e pedreiros

Cravos vermelhos de Abril
erguidos em cada mão
guardiões da liberdade
defensores da Revolução

Poema : Ester Cid

Madrugada de Abril 2014
(ao abrigo do código do autor)
Fotografia: Cravo de Abril da autoria de Adelino Chapa e Paulo Curto Baptista
                                                                         


ABRIL

Ser causa do teu sorriso
companheiro camarada
esperar a tua semente
na minha terra lavrada
ser grito em campo vermelho
aurora amanhecer
amor pela liberdade
poema para tu dizeres
esperança revolução
portas abertas de Abril
Maio vermelho cravo primavera
chuva miudinha de verão
(a)braços à tua espera

Ester Cid

Fotografia: Google
                                                                    

sexta-feira, 18 de abril de 2014

URGENTE

É urgente
não deixar partir o que está prestes a dizer adeus

é urgente
semear cravos em terra morena de fraternidade

é urgente
ouvir o mar e os poetas não silenciar

é urgente
o sol brilhar em cada olhar de chuva

é urgente
dar colo a todas as crianças

é urgente
cantar mil vezes Abril revolução

é urgente
tomar a liberdade como primeira condição

Ester Cid.
(ao abrigo do código do autor)
Fotografia: José Maria Frade


                                                                   




Fotografia: José Maria Frade.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Camarada Irmão Amigo

Não deixes de lutar pela liberdade
semeia vermelhos cravos mil
continua a luta camarada
não deixes que te colham as vontades
e nos Invernos agrestes da jornada
inventa primaveras por Abril

Ester Cid
Fotografia da autoria de José Gema