Chegaste nos braços de corações generosos
no olhar de liberdade de quem preso estava
Chegaste em lábios e bandeiras rubras
chegaste numa mão aberta de ternura
num punho cerrado firme
(e)
escondido no teu bolso em tempos de ditadura
chegaste nas vozes de poetas e cantores
nas flores no mar no riso das crianças
no jovem e no idoso que não deixou morrer a esperança
chegaste nos livros fechados que abriste
em hinos que sufocavam gargantas e prendiam vozes
chegaste por acres de trigais
no canto das rolas, cotovias e daninhos pardais
chegaste no aroma do rosmaninho da giesta da alfazema e do jasmim
chegaste com os camaradas
soldados, mineiros, abegões, ceifeiras e carpinteiros
chegaste às cidades aldeias e vilas morena em cravos vermelhos mil
chegaste depois do adeus
em olhares regresso
chegaste Abril, meu amor
Abril
Abril
Abril
Existe agora
mais de vinte cinco mil razões para contigo fazer amor
(e)
nunca mais te deixar partir.
Ester Cid.
Abril 2014
Fotografia: Google