quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Tempo de Revolução

Tempo de revolução
tempo
de dor
tempo
de perda
e de desamor
tempo
de prisão
tempo
sempre... o tempo
tempo
depois do adeus
tempo
de vila morena
tempo
de liberdade
tempo
de revolução
tempo
sempre... o tempo
tempo
de não te ver sorrir
tempo
de não ter tempo
de viver Abril
tempo
de não ter tempo
de te abraçar
tempo
de não ter tempo
de não chegar a tempo
e a revolução passar
tempo
de não chegar
tempo
e tu camarada
não esperares

Ester Cid 
Fotografia de Emanuel Pereira Aparício Ribeiro


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Se o meu corpo fosse um rio



Se o meu corpo fosse um rio
caravela fosses tu
mastros mãos entrelaçadas
navegando em corpo nu

Se o meu corpo fosse um rio
que se transformasse em (a)mar
(a)braços de mil marés
tenebrosas tempestades
numa noite sem luar

Se o meu corpo fosse um rio
azul casado com céu
teus lábios seriam pássaros
voando no corpo meu

Se o meu corpo fosse um rio
Deserto de águas sem fim
onde fosses naufragar
para emergires em mim.

Se o meu corpo fosse um rio
se navegasses em mim.


Ester Cid

Fotografia :Google

                                                                                       

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Silêncio



Este silêncio feito de gritos, que todos nós alentejanos, trazemos dentro do peito. Este silêncio feito de gritos, que tanto nos dói.

Até onde irá a nossa resistência?

Temos um céu para voarmos por cima do rio, mas o nosso voo é de um pássaro ferido em plena Primavera.

As searas de trigo já não esperam por nós,os espantalhos laranjas apertam-nos as gargantas querendo calar o nosso cante.

E neste silêncio feito de gritos, esperam-nos sementeiras de esperanças e de sonhos por abrir.




Ester Cid
                                                                           

                                                                   

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

SALPICOS DE MAR



Naquele madrugar
depois
do meu olhar se perder
no horizonte acompanhando o mar
sentei-me na praia
como gaivota que espera voar

e ao invés de cantar como a gaivota
chorei
chorar não polui o mar
pois toda aquela água
são lágrimas de gente que ama sem ser amado
se eu tivesse aprendido a nadar
o mar seria perfeito
mas quando o meu olhar se perde
no horizonte acompanhando o mar
e tu mar me vens beijar
sinto mar que és a minha praia.

Ester Cid


Fotografia: Google

                                                                       

                                                                                 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Outubro


Duas folhas amarelecidas

de cores outonais

num bailado com o vento

dançam juntas

vendo que estou só
sentada num banco de jardim

convidam-me a juntar
à sua dança

fazem-me sorrir
rodopiar
e nesse bailado outonal
fomos esperança
ternura
fomos abraço
paixão
fomos Primavera
noite de ilusão
estrelas, sol,luar
Madrugar
canção de roda

(e)
risos de criança.

Ester Cid

Imagem :Google