quarta-feira, 30 de julho de 2014

Mulher I



Não te deixaram dormir e tu sonhaste acordada
roubaram-te o sorriso e tu inventaste outro
gritaram-te ofensas e tu ensurdeceste
ordenaram que te calasses e tu escreveste
roubaram-te a Liberdade e tu lutaste
bateram-te e tu não deste a outra face
prenderam-te e tu saíste da "prisão"

uma criança sorriu-te e tu choraste.

Ester Cid

Fotografia :Google 

                                                                       

terça-feira, 29 de julho de 2014

Mãe...Minha

Como ninguém
a minha mãe dividia afectos
multiplicava colo(s)
diminuía lágrimas
somava sorrisos
subtraia tristezas

(e)

ensinou-nos como ninguém
a amar
a sua matemática

Ester Cid

(ao abrigo do código do autor) 

Fotografia: Eu, a amamentar a minha filha Patricia.

                                                                           

sábado, 26 de julho de 2014

VEM


Vem
sem pressas
toma-me
por inteira

passeia
lentamente
sobre mim
como doce
vento

na
minha
doçura
deixa
os teus
tormentos

toma-me
por inteira
completa-me
(e)
em
mim
adormece
suavemente

Ester Cid

(ao abrigo do código do autor)

Fotografia :José Frade
                                                                   






quarta-feira, 23 de julho de 2014

PONTES




Pontes de madeira
de ferro de pedra
provisórias romanas
de corda
para durarem dias
ou eternamente
feitas por maquinas
ou pelas mãos da gente

pontes de amor
que no fazem caminhar
até ao céu , tocar as estrelas
que nos fazem sentir na lua
que atenuam a dor
da saudade
que te fazem chegar a mim
para me fazeres sentir tua

pontes de amor e de amizade
pontes assentes em pilares
de camaradagem
pontes que aquentam tempestades
pontes que por vezes interrompemos
a caminhada
ficando a saudade
no coração guardada

pontes com pilares de sorrisos compreensão
de desacordo cumplicidades
partilhas e tarefas repartidas
histórias de luta e de vidas

pontes que são o nosso porto de abrigo
pontes que nos levam ao abraço do amigo

pontes...pontes... sempre pontes.
adoro pontes

daquelas pontes fortes
por serem construídas colectivamente
conseguem destruir muros
pontes feitas pela nossa gente

pontes de caminho indestrutível
pontes de luta sonho verdade e doçura
pontes dos afectos
amor  e ternura

Ester Cid  
Fotografia: Ponte Romana (Monforte Alto Alentejo)                                                                                 

                                                                                                         

Pedido

Garanto-te que não vou viver de braços cruzados, mas não me deixes morrer de braços abertos.

Ester Cid

                                                                 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Nu jasmim

Despes-me
e
nesse nu jasmim
as
borboletas
que pairam no teu olhar
percorrem-me o corpo
numa busca certa do que é incerto

sonho consentido
entrega de dois corpos
um raio de lua perdido

oásis em seco deserto
mares agitados de prazer

chuva fria aquecida
com o teu corpo no meu

onde dentro me lavras
planícies semeadas
em campos férteis da tua seiva
em melodia de ventos
que me percorrem
suspiros
de orgasmos

neste acordar prometido
maior do que a madrugada.

Ester Cid.
                                            Pintura:Renata Brzozowska           

segunda-feira, 21 de julho de 2014

ADORO



esse teu sorriso
que me embaraça
esses lábios que me sorriem

essa boca que me espera
transformar a noite uma quimera
quando sonho beijar a tua boca primavera

adoro

essa tua boca poema
dos meus sonhos

que digo a cantar
de olhos fechados

poemas de desejo
do teu (a)mar

(e)

que quero sentir
quando acordado

saudade que desespera
quando anseio ter-te ao meu lado

adoro
esse teu olhar esquivo
quando me apanham furtivamente
a mirar-te

adoro
esse teu olhar
da cor dos teus poemas
onde existem mil silêncios guardados
rios de tristeza e alegria

adoro
as nossas mãos que se entrelaçam
com laços madressilva e jasmim
transformas o meu corpo sol de inverno
com a poesia vais deixando em mim.

Ester Cid 

(ao abrigo do código do autor)
fotografia:google 

                                                                               

                                         

quarta-feira, 16 de julho de 2014

GOSTO


Gosto quando te aninhas mansamente
nas montanhas sinuosas
dos meus seios
(e )
no meu ventre
ninho
voas como um pássaro
(e)
corres como um rio.

Ester Cid.
(ao abrigo do código do autor)

                                                                       







                                                                  

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Guarda os poemas que te dei



Guarda os poemas que te dei

como se fossem cravos vermelhos

revolucionando apaixonadamente o teu sentir

como se fossem papoilas rubras

dançando ternamente no teu coração

como se fossem gotas de chuva

acalmando o que te inquieta

Guarda os poemas que te dei

como se fossem pedaços de lua e estrelas

sol da manhã,madrugadas

guarda na tua mão a minha dorida mão

e trás de volta o teu olhar

que me fez escrever

os poemas que te dei.

Ester Cid

(ao abrigo do código do autor)
Fotografia: Google
                                                           
                                                                

quarta-feira, 2 de julho de 2014

CATARINA





Alentejo... meu amor

nasceu em ti a ceifeira

que no ventre tinha vida colhida na sementeira


tingiu os campos de sangue
a ceifeira e camarada

nasceram rubras papoilas
num campo sem pão sem nada

gritando por liberdade urgente revolução
searas de dor suor esperança amor e coração

Alentejo semeado

com sementes de paixão
fazendo searas mil com a força da razão

Meu Alentejo sonhado.


Ester Cid


(ao abrigo do código do autor)
Gravura de José Dias Coelho - morte de Catarina Eufémia