quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Cumplicidades

Sempre gostei de caminhar à chuva
a chuva foi minha cúmplice e companheira
nos momentos de dor
juntou as suas gotas cristalinas com as minhas lágrimas
chorando juntas

o sol espreitou o nosso caminhar

e ouvi a chuva dizer ao sol
a minha amiga está a trocar-me pela neve
respondendo o sol, não a conheço
nunca nos demos bem
a branca neve entrou na conversa
e disse-lhes
senhora chuva e senhor sol
não sei o que se passa com a nossa poeta
hoje nem quase me olhou
dançava e cantava
com o senhor vento

sorri à chuva
acariciei a neve
o sol fraco e envergonhado
juntou-se timidamente a nós
e rindo dançamos com o vento
uma doce música
como se voássemos

Ester Cid.


Fotografia: Google
                                           

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Laço



imaginar o teu olhar
que se perde no rio
encontrar dentro desse olhar
o que desejo
(e)
no meu ventre
que incendeias
como quem prende o fogo
e se desprende
num laço que me enlaça
sem ser nó

sabe o meu corpo e sabe o teu
que laço é coisa que gostamos

(e)

porque nós, são amarras e não laços

laço não aperta e não é nó
sabe o meu corpo e sabe o teu
dar aquele laço e ser um só

Ester Cid

(ao abrigo do código do autor)

fotografia:Google                                              
                                                                           

sábado, 8 de novembro de 2014

MÃOS



Hoje

levantei o braço

o punho cerrei e Avante cantei

hoje

plantei flores ao meu jeito

para colher amores perfeitos

hoje

escrevi um poema de esperança

num amanhã de mudança

hoje

dei a mão á minha moda

com as crianças dancei as nossas canções de roda

hoje

bordei o vestido para a minha neta Maria

com o pensamento feliz de lho ver vestido um dia

hoje

com as minhas mãos aliviei as dores de costas do senhor João

mesmo sabendo que amanhã

quando eu ao lar voltar

ele me diga que não

e nem de mim se lembrar

hoje

abri as minhas mãos para num bebé pegar

e gostei do que senti

quando deixou de chorar

hoje

com as minhas mãos ajudei -te amiga a caminhar

hoje

quem me fez companhia e me aconchegou o coração

viu um cravo vermelho florir na minha mão


são tantas as coisas

tantas... que eu faço e posso fazer com as minhas mãos

hoje

não senti solidão

nem as mãos vazias e frias

bastou para isso que eu deixasse de querer as tuas mãos

sem as ter

e aprender o que fazer com as minhas

Ester Cid

(ao abrigo do código do direito de autor)

Imagem: Google